Síndrome Urêmica
A síndrome urêmica é o conjunto de sinais e sintomas resultantes da progressão da DRC e dos efeitos tóxicos do acúmulo de toxinas urêmicas (ureia, creatinina, guanidinas, paratormônio) no sangue em decorrência da perda de função renal. Estas toxinas causam uma série de manifestações clínicas, dentre elas, cardiovasculares e musculares.
A patogênese da doença cardiovascular nessa população é complexa e parece ser determinada por uma elevada prevalência de fatores de risco tradicionais como hipertensão arterial (HAS), diabetes mellitus (DM) e dislipidemia, e também, pela presença de outros componentes peculiares a DRC. Dentre os fatores de risco e/ou relacionados à uremia destacam-se o estresse oxidativo (EO) e a inflamação, entre outros.
Estudos em indivíduos normais comprovam que o exercício físico auxilia na redução e/ou retardo de problemas secundários a problemas cardiovasculares (coronariopatia, hipertensão arterial sistêmica e insuficiência cardíaca). Pacientes que se submetem a programas de exercício físico durante a HD apresentam melhor controle da pressão arterial, diminuição na resistência de insulina, diminuição de citocinas pró-inflamatórias e melhor eficiência da HD (KT/v). Estes efeitos podem justificar a implantação sistemática de programas de treinamento muscular nos pacientes submetidos à HD crônica.
O exercício físico auxilia na melhora da capacidade física e funcional que costuma ser severamente marcado nestes pacientes. A capacidade física dos DRC declina a partir de 70% do normal esperado nas fases iniciais da DRC, para 50% do normal previsto no início da HD. Estas limitações influenciam diretamente na condição física, na capacidade para realizar atividades de vida diaria (AVDs) e tarefas ocupacionaiscom piora da qualidade de vida (QV).
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