Qualidade de Vida em DRC
Apesar dos avanços tecnológicos e terapêuticos na área da diálise contribuírem para o aumento da sobrevida dos renais crônicos, o nível de qualidade de vida desses pacientes permanece baixo, tanto no âmbito físico como mental, com desfechos clínicos insatisfatórios, como a falta de adesão ao tratamento, maiores taxas de hospitalização e maior morbimortalidade.
O doente renal crônico sofre alterações da vida diária em virtude do convívio com a doença incurável, dependência de uma máquina para sobreviver, esquema terapêutico rigoroso, alterações na imagem corporal e restrições dietéticas e hídricas. Além de cotidiano monótono e restrito, favorecendo o sedentarismo e a deficiência funcional, fatores que refletem na qualidade de vida (QV).
Em um dos poucos estudos que avaliaram a eficácia da intervenção fisioterápica na qualidade de vida de portadores de DRC, nove pacientes em tratamento dialítico foram submetidos a treinamento aeróbico por 12 semanas. Ao final desse período, observou-se melhora significativa em sete dos oito parâmetros do SF-36 após a intervenção. Nesse estudo os autores apontam como fator relevante para a melhora da qualidade de vida a atenção recebida pelos pacientes, os quais, a partir do cuidado recebido, obtiveram mudanças significativas nos aspectos físicos e emocionais.
Além dos aspectos emocionais, também os aspectos sociais podem ter influência na qualidade de vida de portadores de DRC. Em um estudo que avaliou a importância do encaminhamento precoce ao nefrologista, os autores observaram que o status socioeconômico teve influência positiva importante nos aspectos físicos da qualidade de vida. As questões que avaliam os aspectos sociais no SF-36 quantificam a influência das saúdes física e mental nas atividades sociais, nas relações familiares e pessoais.
A melhora dos aspectos clínicos tem sido associada com a melhora da qualidade de vida. Desse modo, em estudo realizado com pacientes em início da terapia dialítica, os autores observaram correlação entre a melhora do quadro clínico desses pacientes e a melhora de sua qualidade de vida avaliada pelo SF-36, exceto no domínio dor, aspecto que também não apresentou melhora significativa no nosso grupo estudado.
Reconhecendo a necessidade de melhorar a qualidade de vida relacionada com a saúde (QVRS) dos pacientes tratados cronicamente por hemodiálise, o exercício da Fisioterapia em DRC em tratamento dialítico tem sido bastante estudado, mostrando que a realização de programas de exercício físico pode modificar de forma positiva a QV, morbidade e sobrevida nesta população.
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